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Colégio Scalabriniano Nossa Senhora Medianeira

A maioria dos imigrantes não possuía estudo avançado e, apesar de haver um regulamento de 1867, que mencionava como função do governo a criação de escolas na região colonial, esse não era o cenário. Havia dificuldade para encontrar professores que falassem português, além dos diferentes dialetos italianos, e dispostos a sair das zonas urbanas. Também, o grande número de filhos por família, tornava inviável financeiramente enviar uma criança à escola.

Desse modo, as próprias comunidades construíram pequenas escolas de madeira, onde quem dava aula era algum imigrante mais instruído. Inicialmente, essas instituições não possuíam horários e período letivo padronizados, portanto era mais fácil adaptar à rotina dos imigrantes, que precisavam do auxílio das crianças no trabalho agrícola.

 

Isso muda partir do século XX, com nova legislação e o surgimento das escolas confessionais, vinculadas à igreja católica, que normatizam horários, exames avaliativos e idade para ingresso.

A primeira escola, foi o Colégio São Carlos, instalado em uma casa de madeira, em abril de 1915. Se iniciou a partir da chegada de cinco irmãs missionárias da Congregação de São Carlos Borromeo, convidadas por Dom João Becker e por intermédio do pároco local, Henrique Poggi.

 

Posteriormente, Poggi arrecadou fundos para a construção de um edifício de três pisos, para onde a escola se transferiu no ano seguinte, com mais de 80 alunos.  Sua localização era no centro do município, e as aulas eram direcionadas ao ensino primário, com aulas extras de piano, canto, catecismo e tarefas manuais.

 

Nos primeiros anos do Colégio São Carlos, conforme fotografias do período, as turmas não possuíam um padrão de idade, aparentando haver crianças de 5 anos até adolescentes. Ainda, as turmas dos meninos era separada das turmas de meninas.

 

A comunidade prezava pelo ensino católico, elucidando o caminho profissional aos meninos e as habilidades domésticas para as meninas. Havia também a preferência pelo uso de italiano, para que se mantivessem as tradições e a memória da Itália.

Os exames finais eram realizados ao fim de cada ano, para cada matéria, com um avalista especializado, e então se fazia a festa de encerramento do ano letivo. O avalista era alguma autoridade da cidade, a exemplo do Maestro Cappelli, da banda municipal, e do Dr. Gino Battochio, agente consular italiano, que avaliaram em 1917, respectivamente o piano e o italiano dos alunos.

 

A partir de 1941, o Colégio passou a oferecer também o curso complementar (formava professores para ensino público primário) e no ano de 1944, após a reforma das escolas normais, a instituição tornou-se o Ginásio Feminino Nossa Senhora Medianeira. Em 1949, se concebe o curso de normalistas, nomeado Escola Normal Senhora Medianeira, que formava professoras.  

 

Em 1999, o colégio mudou o nome para Colégio Scalabriniano Nossa Senhora Medianeira, em homenagem à padroeira do Rio Grande do Sul.  Atualmente, a instituição oferece do berçário ao ensino médio. 

 

Fontes

 

DE PARIS, Assunta. Memórias: Bento Gonçalves - RS - Fundamentação Histórica - Bento Gonçalves: Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves: Arquivo Histórico Municipal. 2.ed. 2006.

 

CAPRARA, Bernardete Schiavo; LUCHESE, Terciane Ângela. Da Colônia Dona Isabel ao Município de Bento Gonçalves 1875 a 1930 - Bento Gonçalves: VISOGRAF; Porto Alegre: CORAG - Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas, 2005.

 

LUCHESE, Terciane Ângela; MATIELLO, Marina; BARAUSSE, Alberto. Religiosa, imigrante, mulher: Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo – Scalabrinianas num olhar transnacional (1895-1917). Diálogo Educacional, Curitiba, v. 19, n. 63, p. 1418-1445, dez. 2019. Disponível em: https://periodicos.pucpr.br/index.php/dialogoeducacional/article/view/25729/0. 

 

MATIELLO, Marina. Religiosidade, Etnicidade e Educação: A Presença das Irmãs Carlistas–Scalabrinianas no Rio Grande Do Sul (1915 – 1948). 2019. 285 f. Tese (Doutorado) - Curso de História e Filosofia da Educação, Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, 2019. Disponível em: https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/5474/Tese%20Marina%20Matiello.pdf?sequence=1&isAllowed=y. 

 

Medianeira 100 anos. Semanário. Bento Gonçalves, 24 abr. 2015. Disponível em: https://jornalsemanario.com.br/medianeira-100-anos-1238/. 

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